sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O homem, naquele mundo verde, sentia-se pequeno demais.
Mas conseguiu erguer pontes e passou a sentir-se tão grande quanto tudo o que construia.
Mas hoje, o mesmo homem, daquele mundo verde, sente-se menor, por ser pequeno demais para tê-lo de volta.
Dizem que o verde é a cor da esperança.
E esse mesmo homem assim se mede
com a esperança no bolso e o verde jogado fora.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Luz lista...

E muitos riem de sua gramática imperfeita
Mas são leitores da semântica torta.
Na superficialidade dos “formadores de opinião”
Vi uma direita procurando outra direção
Pra não ter que aprumar a rota e topar com o lado oposto.
E até prefiro ver a oposição na mentira
A ver o governo a mentir pra ela...
Pois vi o presidente com muito a dizer
E não o deixarem soltar as palavras.
Mas os entorpecidos pela informação distorcida,
Terão de calar-se diante de quem nem se permite a fala
Pois os NÚMEROS falaram mais que suas PALAVRAS.

E que ele continue a listar o NOVO
para calar os falantes argumentos velhos...

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

"Sem-trilha"

Queria enxergar,
mas estava escuro demais
para ver qualquer coisa

E propuseram-me acostumar
a buscar às cegas...

Mas acostumar-se ao escuro
é dilatar a pupila
e ainda assim não enxergar o claro...

E fico a não me submeter à desistência
e a procurar o que as pessoas,
já tão imersas no obscuro,
não conseguem distinguir.

Só que ainda está escuro demais pra enxergar qualquer coisa.
E, ao reverso do que ocorre com tantos,
vou seguindo sem trilha não por faltar-me uma,
mas por haver até demais...

Pois hoje busco o claro, sem nem saber se ele é o escuro...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Errando corretamente...

E vou ceder
pra não ver o que seria acerto
virar um erro em mim...
E vou seguir
Corrigindo o "correto",
antes que o "correto" me corrija...

A surpresa que sempre sei que chega...

Nosso conhecimento
é compartilhado assim
crescendo sem rumo, sem fim
fazendo um ceder, o outro rever
e uma conclusão final
virar ponto de partida.


Quando se sabe que uma surpresa há de chegar
surpresa não mais será, e será o previsível.
Sendo que queiram me desculpar,
mas ele até aqui
me surpreende e desmente tudo...
E as respostas proferidas
da boca auto-falante de quem dita
hei de esperar como surpresas,
e ainda assim... elas serão.

Pois por mais que te conheça como ninguém,
nosso diálogo sempre me faz querer te conhecer ainda mais...
e esse ponto de partida será, aqui, meu ponto final.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O que fala teu arrepio?

E era ssim que começava sua carta.


Depois, ele me veio com mil frases roubadas,
de grandes nomes e rimadas,
declarando que o amor era recíproco...

Achei tudo tão tosco,
e esse cara meio tolo,
mas voltei a ler o que,
enfim, cifrou com as próprias notas...

E disse que ouviram por aí
que a pele que cobre a mim
foi arrepio ao vê-lo passar...

Daí, me cogitou se ansiedade,
rumores de vontade,
ou amor não declarado.
Se queria vê-lo,
Ou no fundo havia medo
de dar de cara, e não saber
como me portar...

Sabe, disse-me que quando escutamos algo
que nos marcou, nos arrepiamos.
E quando vemos alguém que tanto queremos,
o mesmo pode acontecer...
Terminou o racicíno, então, dizendo que o meu arrepiar
havia desnudado o que eu sentia...

E Ainda enfatizou: "se suaste friou ou
teu sangue veio a efervecer, por dentro
nunca hei de saber, mas sei que por fora
gritaste meu nome..."

óh, um romântico!

Até poderia aceitar que o arrepio exterioriza sentimentos de quem ama,
e que não deixa mentir a quem assim se escama,
e que tudo que te toca de tal maneira, rubrica ali sua passagem
elevavando-te os pê-los.

Não fizesse a vontade de ir ao banheiro,
eu me arrepiar e suar frio da mesma maneira...

O que fala meu arrepio? Talvez o teu, agora,
fale um sentimento de verdade...

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Silêncio, cala-te!

Teu silêncio faz com que
quem deseja falar, se cale...

Permaneceremos, então, calados
na crença de que o outro,
um dia, há de clamar por regresso...

O silêncio falará mais alto,
pois calados nem mesmo a ele
pediremos trégua.

E fará com que agonizemos
e quando pudermos nos refugiar
insistiremos no sofrimento
pois como masoquistas que somos
calaremos e consentiremos...


E assim seguiremos
à espera de quem se curve...
E assim seguiremos
nessa postura irredutível...
E assim seguiremos
a findar um sentimento
que as vozes, hoje caladas,
um dia disseram... Ser imperecível.

Perdoe-me por te despir,
Mas te exteriorizas a mim sem sintomas,
quando por dentro sei que vives morrendo!

sábado, 25 de julho de 2009

Escute meu silêncio...

E me lembro da noite em que discuti com Maria...

E como quem dava tudo por terminado,
apenas disse para que ela me esquecesse...

E Lembro ainda que, antes da batida do telefone
e do nunca mais à voz de Maria,
ela ainda conseguiu me dizer: escute...

E o pior é que, isto, eu consegui escutar...

Mas quando soube de sua morte, ó Deus,
queria não ter escutado,
não ter batido o telefone,
não ter nem sequer atendido a essa renúncia...


Porque pedi para que ela me esquecesse,
E o que consegui foi não me esquecer
nem mesmo do que nunca foi dito...


E jamais saberei...

sexta-feira, 10 de julho de 2009

A um ausente mais que presente...

Aceitamos viagens, moradas distantes ou longas jornadas incomunicáveis, sem a dor do adeus. Mas se a viagem não tem volta, é difícil aceitar, e não dá pra entender como podes tu, existência, deixar de existir.

É que ora és presença, ora és partir...

E tu que te foste, não deixastes a mim tangência que fosse, para te pôr às costas bagagem repleta de minha eterna gratidão. E é difícil entender por que a existência se faz assim. É água nas mãos entre os dedos a se esvair, que faz as mãos de quem perde à cabeça subir, ao perceber que nela... não há mais nada. E aqui escrevo àquele que se foi, e que ele me perdoe o atraso em dizer o tamanho de sua importância e de sua existência ao existir na minha, mas a despedida foi embora sem se despedir de mim...


E serás sempre memória calhada na mente que enfim, ora vive por ela, ora vive por ti...



Descanse em paz, meu pai... Obrigada por tudo, te amo! E uma hora ou outra, serás sempre: saudade...

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Nosso Sentimento

Faço versos, e confeço,
Pensei estar a dispor minhas palavras...
Mas as palavras, como um eco,
fazem verso, já despojadas...
Pois não escrevo
o que já a si escreve,
e o que se escreve
é sem palavras...
E com você,
achava que flutuava...
Mas voava,
e nem sabia...

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Tortos por linhas certas...



E foram muitos assaltos. De quem é a culpa? Para os amantes das dissertações, aquele velho papo de que tudo é fruto do modelo capitalista, resolve. De fato, a desigualdade dá fome a uns e esbanja luxo em outros, dá oportunidades a quem pode pagar e a quem não pode, um simples: vire-se. Mas o que mais me irrita é essa generalização, afinal: Se não se sabe de quem é a culpa, a sociedade como um todo senta no banco dos réus. É mais facil acusar aquilo que não se pode prender...

E hoje, não foi a falta de oportunidade que me puxou pelo punho... A situação foi tão somente como quando se vê um dinheiro alheio caído ao chão, mesmo que não precise dele, o toma assim mesmo. Não vi fome, nem desespero, não vi falta de oportunidade. Apenas me vi como uma nota ao chão...
Dissertações definitivamente não fazem, nem nunca fizeram, meu estilo. São palavras em linhas a falar de problemas e sua solução. Ora, se fossem solução, as aproveitaríamos , e não apenas daríamos notas pela coerência e coesão, e claro, o inicio, desenvolvimento e fim. Isso de nada vale, se funciona apenas como embelezamento de um papel...
E vou continuar a não entender como a sociedade, ao mesmo tempo, se diz ser culpada e se rende como vítima...
Não sacrificarei a todos, pelo erro de alguns, pela fraqueza de tantos... Culpem a sociedade, e se incluam hipocritamente...
Eu, ao menos, não assino embaixo...

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Sósia do que sou...

Quando te vejo, me cai à boca um sorriso
E sorri também minha alma
ao ver que, face a face, és sósia
Do que até o tempo perde tempo
Em tentar explicar...

Explicaria ser o Reflexo de uma pessoa vestida de sossego ao ver que te tem,
Não fosse o tormento a cogitar tua perda e despir tudo novamente...

Ou, o reflexo do que seria uma pessoa de ingênuo olhar a buscar afago,
Não fosse o olhar sensato a buscar postura...

Talvez, palavras doces a massagear os ouvidos,
Não fossem os momentos amargos a tapá-los...

Quem sabe, as mãos unidas selando o pra sempre,
Não fosse o forte aperto de mãos a rejeitar o nunca mais...

E diria ser uma lagrima que corre emocionada,
Não fosse a lagrima que se prende por se machucar...

Quando te vejo, me cai à boca um sorriso
E poderia até me cifrar apenas com isto
Não fosse o sorriso que se desprende ao te ver partir...

E se um dia o tempo encontrasse tempo
Para explicar o que em mim há
Diria que está tudo bem,
Não fosse o meu bem
o único a poder me explicar
Apenas em silêncio...

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

A rotina passageira...

Seus sonhos eram mais interessantes que seu acordar

Pensava ser sua vida tediosa desde o abrir até o fechar de seus olhos.

O amanhã cedo ainda lhe parecia noite, mas esperava que o “ Deus ajuda a quem cedo madruga” um dia lhe mostrasse a serventia.

Na espera, apenas sentia-se mais um homem a ir ao trabalho, e dia após dia lhe pregava ao rosto uma imagem descontente e uma alma sedenta de tudo afora rotina.

O que talvez nunca tivesse percebido, pelo desapreço tamanho que dava a própria vida, é de quantas diferentes rotinas ele teve.

Pois entre sonho e realidade há a mera distância que se percorre da rotina, que não se lembra nem sequer acordado.

E foi por olhar a rotina com tédio, que criou uma nova rotina pra se olhar, pois vivia não por amar a vida, mas apenas por temer a morte...