segunda-feira, 31 de agosto de 2009

"Sem-trilha"

Queria enxergar,
mas estava escuro demais
para ver qualquer coisa

E propuseram-me acostumar
a buscar às cegas...

Mas acostumar-se ao escuro
é dilatar a pupila
e ainda assim não enxergar o claro...

E fico a não me submeter à desistência
e a procurar o que as pessoas,
já tão imersas no obscuro,
não conseguem distinguir.

Só que ainda está escuro demais pra enxergar qualquer coisa.
E, ao reverso do que ocorre com tantos,
vou seguindo sem trilha não por faltar-me uma,
mas por haver até demais...

Pois hoje busco o claro, sem nem saber se ele é o escuro...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Errando corretamente...

E vou ceder
pra não ver o que seria acerto
virar um erro em mim...
E vou seguir
Corrigindo o "correto",
antes que o "correto" me corrija...

A surpresa que sempre sei que chega...

Nosso conhecimento
é compartilhado assim
crescendo sem rumo, sem fim
fazendo um ceder, o outro rever
e uma conclusão final
virar ponto de partida.


Quando se sabe que uma surpresa há de chegar
surpresa não mais será, e será o previsível.
Sendo que queiram me desculpar,
mas ele até aqui
me surpreende e desmente tudo...
E as respostas proferidas
da boca auto-falante de quem dita
hei de esperar como surpresas,
e ainda assim... elas serão.

Pois por mais que te conheça como ninguém,
nosso diálogo sempre me faz querer te conhecer ainda mais...
e esse ponto de partida será, aqui, meu ponto final.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O que fala teu arrepio?

E era ssim que começava sua carta.


Depois, ele me veio com mil frases roubadas,
de grandes nomes e rimadas,
declarando que o amor era recíproco...

Achei tudo tão tosco,
e esse cara meio tolo,
mas voltei a ler o que,
enfim, cifrou com as próprias notas...

E disse que ouviram por aí
que a pele que cobre a mim
foi arrepio ao vê-lo passar...

Daí, me cogitou se ansiedade,
rumores de vontade,
ou amor não declarado.
Se queria vê-lo,
Ou no fundo havia medo
de dar de cara, e não saber
como me portar...

Sabe, disse-me que quando escutamos algo
que nos marcou, nos arrepiamos.
E quando vemos alguém que tanto queremos,
o mesmo pode acontecer...
Terminou o racicíno, então, dizendo que o meu arrepiar
havia desnudado o que eu sentia...

E Ainda enfatizou: "se suaste friou ou
teu sangue veio a efervecer, por dentro
nunca hei de saber, mas sei que por fora
gritaste meu nome..."

óh, um romântico!

Até poderia aceitar que o arrepio exterioriza sentimentos de quem ama,
e que não deixa mentir a quem assim se escama,
e que tudo que te toca de tal maneira, rubrica ali sua passagem
elevavando-te os pê-los.

Não fizesse a vontade de ir ao banheiro,
eu me arrepiar e suar frio da mesma maneira...

O que fala meu arrepio? Talvez o teu, agora,
fale um sentimento de verdade...